Eu me mudo, mexo todos os móveis de lugar. Jogo uns fora. Estão aos pedaços. Troco as posições. Sigo instruções dos manuais, monto todos de novo, minuciosamente. Mudo de lugar as peças da minha vida antiga. Novo lar. Eu me mudo, eu me transformo dentro do meu novo ambiente.
Não há nada que não saia do lugar além de você. Eu pinto as paredes de cores novas. Nada daquelas cores apagadas da nossa casa. Eu afasto a mobília velha. Eu contemplo a casa nova. Não há nada mais revigorante do que mudar. Mudar tudo dentro de seu lar, dentro de si. Mas nem tudo. Eu não te tirei do seu lugar de sempre.
Destaquei as novas flores, enchi a casa de janelas, para que entrasse muita luz. Escolhi a dedo os novos quadros e molduras. Deixei os outros na casa antigas, misturados com o que restou. Eu mudei tanta coisa que ainda nem me acostumei, mas simplesmente não pude te tirar do lugar de sempre, meu pertence predileto.
Escrito por: Gabrielle Pires
