Texto sugerido e dedicado por e para Jéssica Rocha e Thaís Lima com o tema: Saudades
Eu sinto saudades. Mas não de você. Sinto saudade do que costumávamos ser, do que costumávamos fazer. Sinto amargamente a falta de tudo o que tínhamos planejado, e dos dias mais bobos em que só ríamos um do outro. Não me acostumo por que sinto falta de quem eu era na sua presença e de quem eu podia ser. Quem eu via em minha frente não era você, então mesmo que eu te veja de novo, continuarei sentindo falta de te ver. Ora, você que era tão único agora é qualquer pessoas que cruzou e cruza meu caminho por vezes. Sinto saudades. De mim, de menos futilidade e de quando você não tinha por que me magoar. Absurda a forma que me deparo e comparo com o passado. Por que você é o de menos nessas lembranças. O que mais me faz falta é como você nos transformava em nós.
E nesse meio em saudades e desleixo, tudo continua em perfeita ordem natural. As coisas rotineiras continuam acontecendo, os casais continuam rompendo, brigando, se reconciliando, casando e tendo filhos. As professoras continuam reprovando, aprovando, recuperando e corrigindo, os médicos continuam medicando, salvando e revisando. Só a minha, somente minha rotina foi alterada neste vazio que insisto em chamar de saudades. Saudades não de você, mas das nossas risadas altas e dos nossos segredos no meio da noite. Saudades só por um vício, ou por uma rotina quebrada. E quando eu penso não sentir nem mais saudades, sinto saudades de senti-las.
Escrito por: Gabrielle Pires
