Tudo em mim é tão escorregadio, denso e perigoso. Temo não me conhecer. Percorrer o caminho da fuga e ir de encontro comigo. Vazio, sem vida, sem ganhos. Sem mim.
Afinal, o que sei de mim? Sei que não sou quem pensava ser. Sei que em panoramas me visualizo, assim, por alto, como quem só conhece de vista, mas sei que deixei a alma velada, escondida.
Vergonha de ser covarde. Vergonha de me esconder. E aí escrevo. Escrevo pra tornar real quem eu sou e o que velei. Escrevo pra falar do que ninguém fala para não parecer inferior.
Sou tão mais parágrafo do que as mil palavras que falo pra me esconder de mim. Até que me desvende. E me proteja numa outra parábola da vida.
Escrito por: Gabrielle Pires Silva